A ELIMINAÇÃO NÃO É O FIM DA LINHA
Com a eliminação no Brasileirão, o que esperar da base alvinegra?
Foto: Agência Corinthians
O Campeonato Brasileiro Sub-18 pode não ter tido o enredo dos sonhos do torcedor corinthiano, mas representa um passo importante do Corinthians na modalidade. A competição simbolizou o retorno das atividades na base alvinegra que estavam paralisadas desde o início da pandemia.
Apesar de ser disputado em 2021, o torneio refere-se a temporada 2020. A primeira fase contou com 6 jogos, ida e volta, contra São Paulo, Gremio e Fluminense. Foram duas vitórias e quatro derrotas.
CAMPANHA
Na largada, um baldaço de água fria. Em um duelo que colocou frente a frente um clube em reestruturação e uma equipe que estava em continuidade, derrota desastrosa por 9 a 0 para o rival da Barra Funda. É importante destacar que as alvinegras tiveram apenas três semanas de treino. Sabíamos que não seria fácil, mas não de tal forma.
Foto: Divulgação / Corinthians
Sem tempo para lamentações, já que os jogos foram um dia sim e outro não, logo as alvinegras estavam em campo de novo. O adversário era o Grêmio e o time venceu com gol de Sabrina Leal. Na partida, a equipe de Daniela Alves buscou mais o gol e um potencial de superação foi evidenciado. Empolgamos, talvez cedo demais…
Na terceira rodada tivemos o Fluminense pela frente. Aliás, na terceira e na quarta rodada. No primeiro jogo, derrota com gol relâmpago. O time até lutou, mas não conseguiu buscar o resultado, pelo contrário, sofreu durante o jogo e quase levou mais gols. A atacante Ellen explicou o erro alvinegro no gol:
“Foi uma desatenção. A gente acreditou que quem tinha apitado era o juiz daqui, mas foi o do outro jogo, no campo do lado, mas bola pra frente. Temos mais três jogos, a gente vai continuar trabalhando firme e com o mesmo objetivo na cabeça”.
Infelizmente, a melhora não veio no confronto seguinte. Com gol de Luany em mais um erro da zaga, outra derrota na conta. A situação do time de Daniela Alves foi ficando ainda mais complicada. Nos restava vencer e torcer.
Foto: Adriano Fontes/CBF
A missão não era das mais fáceis, mas o time foi e fez a lição de casa: venceu por 3 a 1 e eliminou o Grêmio. Somamos 6 pontos e o saldo de gol (10 gols) era o entrave na luta contra o Tricolor Carioca. A classificação dependeria de tropeços do Flu em todos os jogos.
Na última rodada as brabinhas tiveram mais um Majestoso pela frente. Derrota por 2 a 0 e adeus a competição.
SEGUINDO EM FRENTE
O calendário é péssimo e demonstra a falta de cuidado da CBF. Terminamos a competição em fevereiro e o time só tem agenda em julho, quando começa o Brasileirão 2021 (ainda não há informações sobre o Paulistão sub-17). Nada de competições de base oficiais, será que aconteceria o mesmo com o masculino? Jamais!
Durante o torneio, a comandante alvinegra demonstrou insatisfação com a organização do Nacional. Com jogos um dia sim e outro não, apesar de tempos de 40 min cada, o trabalho físico e principalmente, o psicológico, teve que agir em tempo recorde, o que não ofereceu de fato, uma ação significativa.
“Já vamos pensando em todo cronograma. A recuperação é o mais importante, porque não temos como treinar, só as que não jogam, ou que jogam pouco. Precisamos fazer complemento porque elas precisam estar prontas para substituir a outra, mas o mais importante é a recuperação. (...) Jogamos o primeiro às 10h, o segundo às 8h, então essa jogadora vai acordar às 4 horas da manhã, porque tem o café, deslocamento, aquecimento... Então vamos ter que pensar em tudo, utilizar o máximo de tempo para recuperar essas meninas", destacou Daniela Alves.
“Eu gostaria que fosse melhor organizado, elas são jovens, mas são atletas. É importante ter organização melhor. Ainda teremos o Paulista Sub-17 de 2021, além do Brasileirão Sub-18 deste ano também. Gostaria que as modalidades, tanto adulta como base, tivessem um calendário melhor, porque é muito desgastante. São sequências difíceis, se houver alguém com Covid, lesão... acaba complicando", finalizou.
Pensando no futuro, Cris Gambaré, diretora da modalidade fez questão de parabenizar as atletas pelo trabalho:
“Orgulho de vocês! Deixo aqui o meu agradecimento às guerreiras que nos representaram dentro de campo e à nossa comissão técnica no Brasileiro Sub-18, que mesmo diante de inúmeras dificuldades se superaram e com certeza subiram mais um grande degrau no processo de formação. Vamos para os próximos desafios e que o objetivo sempre seja almejar o topo! Agora é trabalho e união! Obrigado, brabinhas!".
É importante refletir a forma com que o Futebol Feminino tem se articulado no país. A partir do próximo dia 14 até o dia 26, sob o comando de Simone Jatobá, a Seleção Brasileira começa a se preparar para o Sul-Americano da categoria. No entanto, nenhuma corinthiana foi convocada.
Mesmo com o preparatório começando, não há sequer uma previsão da Conmebol para agendar a competição. Por outro lado, a entidade corre para fechar a Libertadores masculina a qualquer custo, obrigando os clubes uruguaios a selarem suas participações imediatamente. A manobra começou antes mesmo da final de 2020.
Durante o Brasileirão, as atletas foram monitoradas por representantes do sub-17 e do sub-20 brasileiro. Como as modalidades passam por um período de reestruturação, onde os treinadores buscam mesclar experiência e novos talentos, as corinthianas ainda podem surgir nas listas de convocadas. O grande destaque corinthiano é a atacante Sabrina Leal, que marcou dois gols na competição e mostrou categoria nas cobranças de bola parada.
Maior clube do Futebol Feminino, o Corinthians tem tudo para se juntar a São Paulo, Internacional, Santos, entre outros e se tornar referência também na base.
Por Mariana Alves
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.