NOS BRAÇOS DE MORFEU!
Palmeiras é displicente e sonolento, perde na Paraíba, mas está classificado para as quartas de final da Copa do Brasil.
O Palmeiras viajou para o nordeste, levando na bagagem a vantagem de três gols conquistados em casa no primeiro confronto contra o Botafogo-PR.
Para se manter na competição e eliminar o Palmeiras, os donos da casa precisava golear. Missão quase impossível para um time que é tecnicamente inferior.
Mas o que faltou de técnica sobrou de motivação. Os adversários deram um banho de superioridade no quesito raça e vontade.
Fonte: Globo Esporte
Com o estádio lotado e a torcida gritando, como se estivesse numa final, os botafoguenses se entregaram ao jogo e lutaram até o fim. Foi bonito de ver.
O que não foi nada bonito foi a postura displicente do time de Cuca. Os jogadores entraram em campo com o sono de Morfeu e fizeram uma partida monótona e sem brilho.
O atual líder absoluto do Brasileirão e carrasco dos seus rivais, parecia acomodado e cansado em campo.
O argumento imediato foi: "mas tratava-se do time reserva..." Exato. E justamente por isso, o que se viu ontem, irritou e incomodou a torcida alviverde, que também lotou o Almeidão, fazendo a sua festa.
Os reservas estão mais descansados e ansiosos para jogar e mostrar serviço, ou deveriam estar, já que para se manter ativo no futebol, é preciso jogar bola e se fazer conhecer.
Argumento não aceito.
Desconcentrados e desconectados da partida, o nosso banco de reservas, perdeu não só o jogo, mas uma excelente oportunidade de mostrar que dá conta do recado.
"Você tem de avaliar muitas coisas em uma partida como essa (... ) Vim com um time alternativo, que não está no ritmo de jogo que se exige de um profissional." disse o comandante do Verdão na coletiva de imprensa. É verdade, não se pode apenas jogar amendoins, digo pedras, no elenco que atuou ontem.
Fonte: Site Oficial do Palmeiras
Sim. O fator entrosamento conta muito. O time alternativo à que Cuca se refere, formado pelos reservas e apenas com Zé Roberto e Gabriel do elenco titular, não está acostumado a jogar como uma equipe e aquilo que hoje é a marca registrada do Palmeiras, a construção de jogadas criativas e efetivas, demorou muito para afinar. Foi um longo e minucioso trabalho. Seria injusto exigir dos reservas a mesma atuação.
Argumento aceito.
Mas, o que a torcida desejava ontem, não era que o time reserva jogasse igual ao time titular, isso de fato, é impossível. O que todos queriam ver em campo é uma marca muito maior e mais importante, que a do time que representa o Verdão no nacional.
O que está em jogo, é que em qualquer jogo, quem carrega o escudo da Sociedade Esportiva Palmeiras, precisa mostrar o seu melhor desempenho. Mostrar entrega total.
Os reservas perderam a chance de "transformar a lealdade em padrão..." e mostrar que quando o manto sagrado entra em campo, "tem que ser com a alma e o coração".
No primeiro tempo, o Palmeiras controlou a partida e não sofreu nenhum sufoco, mas também não criou nada que pudesse alterar o placar. Não havia troca de passes e a movimentação em campo, fazia a torcida bocejar.
Já o Botafogo teve chances ofensivas claras, chegando à nossa área com perigo.
No final da primeira etapa, o Verdão mostrou uma jogada interessante, quando Zé Roberto conseguiu dominar um lançamento em velocidade e tocar para Barrios dentro da área. O atacante girou o corpo e bateu, mas a bola saiu à esquerda do gol.
Aos quarenta minutos, Rafa Marques, conseguiu boa penetração e se preparava para chutar cara a cara com o goleiro, mas foi deslocado, sofrendo pênalti claro, que o juiz não marcou.
Fonte: Espn
O segundo tempo começou com a mesma morosidade e lentidão e o torcedor que via o jogo em casa, nega, mas trocou a televisão pelo edredom.
Cuca substituiu Vitinho e Alecsandro por Cleiton Xavier e Lucas Barrios, que faziam uma péssima partida. Mas nesse momento, todo mundo despertou do sono profundo! Afinal ele está de volta. A torcida, que já gritava, pedindo a entrada do nosso “Alecgol" se agitou, quando o atacante entrou em campo cheio de gás.
Aos trinta minutos, os deuses do futebol, enfim, premiaram o time que não parava de correr e suar em campo e que aproveitou cada pequeno lance para chegar perto da área adversária.
Mas esse time não foi o Palmeiras.
O jogador Gustavo dominou uma jogada nas costas de Rafa Marques e cruzou. Carlinhos conseguiu chutar de primeira, uma bola aparentemente fácil para a defesa de Vagner, mas um desviou em Marcinho, tirou o nosso goleiro da jogada e a redonda foi parar no fundo do gol.
Dava pra ouvir os gritos da torcida em toda a Paraíba. Final de Copa do Mundo? Não meus amigos. A alegria de fazer um gol na disputa inédita para eles e em cima do gigante Palmeiras.
O time de Parque Antártica resolveu correr um pouquinho atrás do prejuízo e pressionou, fazendo o jogo ganhar certa velocidade. Mas mesmo assim, foram os adversários que quase marcaram novamente.
Inacreditável.
Aos quarenta e quatro, após uma cobrança de escanteio, Plínio entrou livre de marcação na pequena área, mas a finalização saiu mal.
O último lance, parecendo o lance de honra do Verdão, o time tentou o empate. Quarenta e seis minutos no relógio e Zé Roberto tabelou com Vitinho, que cruzou para Alecsandro, ele conseguiu finalizar bem, mas a bola, também irritada com a falta de capricho, saiu pela linha de fundo.
O Botafogo, além de ganhar o jogo, ganhou o reconhecimento da sua torcida, que estava delirante nas arquibancadas e de quebra, quebrou a invencibilidade do Palestra Itália na temporada. O time de Cuca estava há dez rodadas sem perder.
Mesmo derrotado, o Palmeiras está classificado para a próxima fase da competição e agora, espera o sorteio do próximo adversário.
No voo de volta para São Paulo, os jogadores conversaram muito sobre a partida e ninguém conseguiu dormir, afinal tinham dormido muito bem durante o jogo.
Por: Alessandra Ribeiro Moitas